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Exposição fotográfica valoriza as joias artesanais de Natividade como patrimônio cultural

Por Texto e fotos: Daniel dos Santos | Publicado: Terça, 05 de Setembro de 2023, 19h28 | Última atualização em Quarta, 20 de Setembro de 2023, 10h38

No feriado de 7 de setembro será lançada em Natividade/TO a exposição "Aqui tecemos hoje os tesouros de ontem", às 16h30. A exposição estará aberta ao público na Praça Leopoldo Bulhões até o dia 7 de outubro. A iniciativa é parte da pesquisa do dossiê para registro das joias artesanais de Natividade como patrimônio cultural.

O projeto é em parceria da Universidade Federal do Tocantins (UFT) com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Localmente, a pesquisa tem como parceira a Associação Comunitária Cultural de Natividade (Asccuna) com o objetivo em reconhecer a ourivesaria de Natividade como patrimônio cultural.

Como é essa exposição?

A exposição "Aqui tecemos hoje os tesouros de ontem" é a primeira proposta de partilha de resultados da pesquisa com a comunidade nativitana, e combina duas séries fotográficas em tecido. A primeira, “Janelas”, mostra pessoas que participaram do ensaio fotográfico realizado pela equipe de pesquisadores, com suas joias. Esta série destaca as joias como parte da identidade dos nativitanos. A opção pelo tamanho e suporte da impressão remete às bandeiras tradicionalmente presentes nas festividades da cidade. A segunda série é uma seleção de imagens da Festa do Divino Espírito Santo, na qual as joias são capturadas sendo usadas pelas pessoas em meio ao contexto devocional e festivo tão próprio de Natividade. A opção pelo tamanho e suporte da impressão remete às bandeirolas, também tradicionalmente presentes nas festividades da cidade.

A exposição reúne 54 fotos impressas em tecidos que foram produzidas pelos fotógrafos Daniel dos Santos e Rafael Trapp. Ambos também são jornalista da UFT e professor do IFTO, respectivamente. A direção de arte é de Renata Ferreira, professora do curso de Teatro da UFT. Os bordados foram feitos por Dona Zeza, Professora Tânia das Mercês e Sandra Leal, integrantes da Asccuna. A realização foi patrocinada pela produtora cultura Simone de Natividade, com apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Natividade.

A coordenadora do projeto, Noeci Carvalho Messias, que também é historiadora e professora do curso de Teatro (UFT), comenta que essa é a primeira proposta de partilha dos resultados da pesquisa que visa executar o Dossiê de Registro do bem cultural Ourivesaria de Natividade – TO, que está sendo realizada em parceria entre UFT e Iphan.. "A exposição destaca parte do rico patrimônio cultural de Natividade e como as joias fazem parte da comunidade nativitana nos mais variados momentos". Ela ainda acrescenta que a comunidade nativitana irá se ver representada, o que favorece o fortalecimento da identidade cultural local. "Enquanto que para o público externo, a exposição contribui com a ampliação do conhecimento sobre os bens culturais de Natividade, para a sensibilização, a difusão e a valorização desse bem cultural nativitano tão valioso, que são as joias artesanais".

A superintendente do Iphan, Cejane Pacini, também comenta a satisfação com o lançamento da exposição. "É gratificante ter uma pesquisa em andamento e com devolutivas ao longo do processo. Esta exposição é a primeira devolutiva de uma pesquisa iniciada em maio de 2023. Assim os moradores e ourives envolvidos poderão sentir pertencentes. Além disso, a fotografia permite a valorização destes sujeitos que contam e reproduzem a história do lugar".

O que são as joias de Natividade?

A Ourivesaria de Natividade integra um amplo conjunto de joias artesanais confeccionadas com ouro e prata, utilizando diversas técnicas, sendo a filigrana uma das mais significativas. Esse modo de produção artesanal, que consiste no delicado bordado de hastes muito finas de ouro com laterais serrilhadas teria sido trazido à região de Natividade durante o período colonial por artesãos do Norte de Portugal.

Desde então a atividade tem sobrevivido em Natividade por séculos e, apesar de ter corrido o risco de desaparecer em alguns momentos, continua sendo desenvolvida por cerca de 20 artesãos e mestres em seis oficinas desta cidade histórica tocantinense. Parte dessa continuidade se deve ao sucesso do projeto da Asccuna, que ofereceu oportunidades para jovens de baixa renda aprenderem o ofício, garantindo sustentabilidade econômica e a preservação mais democrática das técnicas. Com isso, alguns aprendizes abriram suas próprias oficinas, contribuindo para a continuidade material desse patrimônio cultural.

O caráter distintivo e específico da Ourivesaria de Natividade está nos motivos, na morfologia e nos significados simbólicos das joias, que mesclam elementos da natureza e da cultura popular brasileira e sintetizam os encontros históricos entre europeus e africanos, com as suas complexas e conflitantes relações, na confecção de peças elaboradas com metais preciosos extraídos até os dias atuais de áreas e empreendimentos mineradores da própria região de Natividade, como por exemplo, nos municípios vizinhos de Conceição e Almas.

Para saber mais detalhes sobre a Ourivesaria de Natividade, acesse a dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG-UFT) por Wátila Bonfim.

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