Data é marcada por retomada das aulas e desafios no ensino remoto

Quem não se recorda, com gratidão e saudade, de uma professora ou professor da infância ou adolescência? Para alguns de nós, esta memória afetiva pertence ao mestre que, com didática e paciência, nos ensinou a ler. Para outros, a um professor que nos provocou fascínio por determinada matéria, tamanha a excelência que dedicava ao ensino dela - e ao ponto de, por vezes, nos influenciar na escolha da carreira. Já na universidade, seguimos encontrando inspiração e motivação em tantos desses profissionais: são as nossas professoras e os nossos professores, que se aperfeiçoam, empenham e reinventam a cada dia para nos proporcionar uma formação de qualidade.

Na semana em que voltamos às aulas na UFT - mesmo que encarando um cenário mundial ainda incerto, frente aos obstáculos do ensino remoto e com os nervos à flor da pele diante de tudo isso -, quem encontramos a nos amparar e encorajar?! Nossos professores. Eles também têm seus muitos medos e angústias diante do novo contexto, suas limitações como toda a gente. Mas, perceba: eles respiram fundo, encaram mais este desafio na Educação, estudam e decifram as novas tecnologias, tomam a dianteira e nos chamam a acompanhá-los, a seguirmos com eles. Como disse o educador Paulo Freire, "me movo como educador porque, primeiro, me movo como gente". Celebremos - hoje com ainda mais admiração - os nossos mestres: feliz dia, professoras e professores!

Ensino remoto: um mergulho em um novo mundo e em novas emoções

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque decidi, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir": é nos versos de Cora Coralina que o professor Nataniel da Vera-Cruz Gonçalves Araújo, do curso de Pedagogia do Câmpus de Tocantinópolis, busca a inspiração neste Dia dos Professores e no retorno à sala de aula - agora, virtual. "A situação requer esta decisão entre 'desistir ou lutar', e a minha opção foi lutar, na perspectiva de tentar amenizar muitos prejuízos postos pelo contexto. Na data de hoje, nada mais adequado do que efetivar esse processo de ensino e de aprendizagem fundamentado na aceitação do desafio de ser docente e discente e, também, de ser humano, mesmo em um momento baseado na tecnologia e no distanciamento social", diz Araújo. 

Para Solange Cristina Carreiro, docente do curso de Engenharia de Alimentos do Câmpus de Palmas, é desafiador trabalhar na nova modalidade: “é um mergulho num mundo novo, repleto de ferramentas que podem, sim, potencializar o aprendizado. Ao mesmo tempo, é um mundo que também nos angustia, pela incerteza de estarmos, de fato, provocando o aprendizado em nossos alunos. Temos muitas barreiras a ultrapassar e, por vezes, o tempo e a pressa nos atropelam”, reflete a professora. 

O professor Abraham Damian Giraldo Zuniga, também do colegiado de Engenharia de Alimentos, se sente feliz com o retorno às aulas, ainda que com todos os empecilhos postos pelo contexto: "logo que saiu a notícia da aprovação da retomada das aulas, eu recebi mensagens de muitos de meus alunos, que também ansiavam por esta volta. É um grande desafio para nós, professores, e também para os alunos? É. Mas vamos encarar como sempre o fizemos: com toda a seriedade e o carinho que temos pela Educação".

"Confesso que estava muito preocupada e angustiada com este retorno, neste calendário e contexto", conta a professora Patrícia Orfila, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus de Palmas. "Mas, assim que retomei minhas aulas, minha alegria voltou, e isso foi uma surpresa para mim! Me vejo animada a superar este desafio - e aprender, junto com meus alunos, também me motiva enquanto professora".  

"Me emocionei na hora do estar junto com os estudantes", revela a docente Ana Carmen de Souza Santana, do curso de Pedagogia do Câmpus de Arraias, referindo-se à primeira aula da retomada do semestre de 2020/1. "Sinto falta dos abraços, dos cafés, dos papos descontraídos e das gargalhadas. É um desafio fazer isso virtualmente, mas não impossível. Eu já vinha, com outros colegas - principalmente nas discussões do Programa de Formação Docente Continuada (Profor) -, buscando o preparo para o uso de novas tecnologias e metodologias inovadoras, antes mesmo deste contexto da pandemia. Todos os ambientes e interfaces digitais podem nos ser possibilidades de aprendizagem e, sobretudo, neste momento, oportunidades relevantes para estarmos juntos". 

Dia dos Professores: você conhece a origem da data?

Oficialmente, a data foi instituída pelo Decreto Federal nº 52.682, em 14 de outubro em 1963. Mas, a origem da comemoração vem lá do Primeiro Reinado, quando, em 15 de outubro de 1827, o imperador D. Pedro I decretou, no país, o Ensino Elementar. Com isso, instituiu-se, em todas as cidades e vilas brasileiras, a criação das escolas de “primeiras letras”. O decreto também regulamentava as formas de contratação dos professores, suas condições trabalhistas e os conteúdos a serem ministrados aos estudantes. 

No entanto, a primeira celebração de um Dia dos Professores só ocorreu 120 anos após o decreto imperial. A motivação partiu do professor paulista Salomão Becker, que se tornou o responsável, então, pela inclusão do Dia dos Professores no calendário escolar, em 1947. Numa conversa com outros três colegas, Becker sugeriu que a data pudesse ser um dia de homenagem aos professores, um momento de pausa, reflexão e também de confraternização entre mestres e alunos. A ideia logo se espalhou pelas escolas do Estado de São Paulo e, em seguida, para outras partes do Brasil. Em 1948, a jornalista, professora e parlamentar Antonieta de Barros conseguiu aprovar um projeto de lei que criou o Dia do Professor no Estado de Santa Catarina. Primeira mulher negra eleita no Brasil, Antonieta foi uma defensora excepcional das pautas da Educação, além de se destacar pela ampla defesa das mulheres e pelo reconhecimento da cultura negra. 

Quadro docente da UFT

Segundo levantamento da Pró-Reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (Progedep), lecionam, na UFT, 1094 professores. Destes, mais de 70% são doutores e cerca de 90% são docentes de dedicação exclusiva à Universidade. O Câmpus de Palmas é o que concentra a maioria dos docentes – são 461 professores -, seguido por Araguaína (228), Porto Nacional (126), Gurupi (94), Arraias (64), Miracema (63) e Tocantinópolis (58).

E teve homenagem de técnico aos professores pelo dia!

O poeta e cordelista Giano Guimarães é também servidor técnico-administrativo do Câmpus de Tocantinópolis. Confira a poesia que ele escreveu em homenagem ao Dia dos Professores: