Projeto de extensão do curso de Teatro da UFT promove ações artístico-culturais, socioambientais e microrregionais
Fazem parte do evento as seguintes atividades coordenadas pela Professora Daniela Rosante Gomes:
- O Babauzeiro: espetáculo de Teatro de Bonecos Popular do Nordeste no Teatro do Centro de Atividades do Sesc de Palmas, dia 28 de março, às 20h
O espetáculo, realizado em parceria com o Sesc Tocantins, apresenta o mamulengueiro-babauzeiro Carlos Gomide, um brincante, que aprendeu sua Arte a partir da convivência com artistas, mestres e mestras das manifestações culturais brasileiras. Carlos Gomide, também conhecido como Carlos Babau, em homenagem a seu Mestre Antônio do Babau, é o pai da trupe familiar Carroça de Mamulengos, uma companhia de Teatro que é considerada uma das mais antigas e reconhecidas do país e que também atua como uma escola de práticas e vivências dos saberes e fazeres populares da Arte e da Vida, refletindo em suas práticas artísticas e culturais toda uma filosofia de bem viver e busca da dignidade humana que se consolida no termo Vida Viva.
- Aula na Lona: Oficina de Brinquedos Populares (dias 29 e 30 de março, na lona da Associação Cultural Circo Os Kaco, às 20h)
As aulas na lona são atividades integradas com as disciplinas de “Jogos Teatrais e Educação do Sensível” e “Práticas Cênicas de Rua e Arte Pública”, da matriz curricular do Curso de Licenciatura em Teatro da UFT, integrando também atividades de pesquisa realizadas pela coordenadora do projeto a partir do Projeto de Pesquisa: Carroça de Mamulengos: Poéticas de Convivência e Memórias na Voz de quem Viveu e Conta suas Histórias. A Carroça é uma trupe familiar que durante décadas viveu como os antigos saltimbancos mambembes percorrendo os chãos de um Brasil de Brasis onde nasceram os oito filhos da família, que hoje já conta com 6 netinhas. Nessas andanças e convivências, a Carroça de Mamulengos tornou-se uma escola de práticas e vivências dos saberes e fazeres populares da Arte e da Vida, refletindo em suas práticas artísticas e culturais toda uma filosofia de Bem Viver e busca da dignidade humana, que se consolida no termo Vida Viva.
As práticas de Vida Viva iniciaram-se como práticas de alimentos preparados e consumidos coletivamente, em formato de uma grande celebração realizada em praças públicas, nos incontáveis lugares por onde a Carroça passou e ainda passa de Norte a Sul do Brasil. Práticas que também agregam outras ações, a exemplo do plantio e distribuição gratuita que Carlos Gomide faz das mudas de seu viveiro pessoal, cultivado a partir de um chamado do Padrinho Cícero, considerado por Carlos Gomide um dos mestres da Vida Viva da Carroça. O santo padroeiro dos nordestinos, que o apelidaram de Padim Ciço, ficou conhecido por sua ação misericordiosa de interceder e proteger, por toda sua vida, os excluídos, que ele mesmo chamava de os náufragos da vida, tornando-se referência para Carlos Gomide que defende a luta por justiça social como mote para atuação humana neste mundo de tantas misérias.
A professora Daniela Rosante Gomes, que coordena o projeto de extensão, destaca a importância da realização de ações como estas propostas pelo projeto, que levam a universidade para mais perto das comunidades: “Nós estamos num caminho que é muito bonito, muito forte e que faz da extensão universitária um caminho muito poderoso para a universidade realizar a sua vocação de retribuir, através desse tripé ensino, pesquisa e extensão, às comunidades tudo aquilo que recebe dessas comunidades. Nós da Universidades somos sustentados e sustentadas por toda essa gente brasileira, todo esse nosso povo que com seu suor e com seu trabalho faz com que seja possível a gente ter hoje essas instituições funcionando e, felizmente, cada vez mais, também buscando retornar e fechar esse ciclo de crescimento e desenvolvimento humano, científico, tecnológico e sensível, proporcionando recursos afetivos e portanto efetivos para melhorias de vida da nossa gente, da nossa população”.
A professora ressalta também a importância das parcerias institucionais, que fazem o trabalho de base realizado com a comunidade para ir encontrando caminhos de fortalecimento que favorecem a todos os ciclos produtivos, pessoas e áreas envolvidas, apesar de os resultados só serem realmente mais proeminentes ao longo do tempo, e de muito trabalho continuado. “Tomo como inspiração a própria Cia Carroça de Mamulengos, cujo trabalho comunitário inclui décadas de dedicação e ação continuada em alguns territórios, podendo-se perceber, com o tempo, o quanto são palpáveis os seus resultados”, comenta a professora. Segundo ela “É muito importante tecer as redes e articular os recursos institucionais para que, usando as instituições, consigamos fazer com que elas sirvam as pessoas, porque muitas vezes acontece o contrário, numa lógica invertida e improdutiva de uso das pessoas para servir as instituições”. Ela exemplifica também, a importância da parceria de longa data com Os Circo Os Kaco, que se tornaram uma Associação Cultural, fazendo um importante trabalho comunitário focado no trabalho de Circo Social através do Projeto Arte e Cidadania no Circo, que a professora acompanha desde seu início como educadora popular e colaboradora, tecendo as referidas redes.
Para interessadas e interessados em participar dos eventos, obter mais informações sobre as ações e projetos, inclusive integrando as equipes de trabalho, , basta entrar em contato com Agnes Maria, pelo telefone (63)98463-0660, ou com Cícera Márcia, pelo telefone (63)98511-8934.
* Atualização
Confira alguns registros das atividades realizadas
Os eventos foram muito bem recebidos pelo público com participação de estudantes, comunidade artística e comunidade em geral, de Palmas e Taquaruçu.
O espetáculo, ou brincadeira O Babauzeiro aconteceu no Teatro SESC com a casa lotada, seguindo-se um bate papo ao final no qual Carlos Gomide partilhou algumas curiosidades sobre sobre o brinquedo e sua história, mostrando bonecos únicos com os quais lhe presentearam antigos mestres, enfatizando a importância do saudoso Mestre Antônio do Babau em sua vida, com quem ele conviveu em Mari, na Paraíba, recebendo aí o espírito de sua brincadeira.
Para além do riso solto e da riqueza da brincadeira repleta de cenas poéticas e surpreendentes, a oportunidade de partilha dos saberes e fazeres da tradição do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste fortaleceu imensamente a formação de repertórios cultural e sensível, assim como formação de público na microrregião, com pessoas do distrito de Taquaruçu, Porto Nacional e Lageado, além da comunidade escolar do SESC e comunidades universitárias da UFT e IFTO.
Nas oficinas de brinquedos populares, realizadas em Taquaruçu, foram recebidos os estudantes da UFT, o grupo de Teatro Os Outros, de Palmas, e os próprios integrantes do Circo Os Kaco, que receberam as atividades em sua lona, além de algumas crianças que frequentam a atividade de Circo Social no projeto Circo e Cidadania desenvolvido há 12 anos no circo. Até o motorista do ônibus que levou a turma, Sr. Rodrigo, entrou na roda, produzindo um chocalho para sua filha Laura a partir de materiais recicláveis e do trabalho com cordões coloridos que marca a estética das produções da Carroça de Mamulengos.
As atividades promoveram muita alegria e a certeza de que as parcerias fortalecem e enriquecem o aprendizado e a valorização dos saberes e fazeres tradicionais de nossas culturas brasileiras.
- Apresentação "O Babauzeiro"
- Aulas de Lona
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