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Projeto SAI proporciona inclusão e acessibilidade para alunos cegos na Biblioteca do Câmpus de Arraias

Escrito por Joice Danielle Nascimento | Revisão: Paulo Aires | Publicado: Martes, 12 Abril 2022 17:30 | Última actualización: Martes, 12 Abril 2022 17:31

Através do projeto, os estudantes e servidores com deficiência visual ganham mais autonomia no uso dos espaços e acervos da biblioteca

Promover a acessibilidade e a inclusão no contexto universitário não se resume apenas tornar viável a entrada de estudantes com deficiência na universidade. É necessário também adotar mecanismos que os auxiliem a permanecer e a desenvolver suas habilidades no ambiente acadêmico. Pensando nisso, a Universidade Federal do Tocantins (UFT), por meio do Programa de Acessibilidade e Educação Inclusiva (Paei) e da Coordenação do Sistema de Bibliotecas da UFT (Csisbibi), viabilizou a implantação do Projeto Setor de Acessibilidade Informacional (SAI), nas bibliotecas dos câmpus da UFT.

O Projeto SAI tem como principal objetivo oferecer um ensino de qualidade aos estudantes com deficiência, através  do oferecimento de recursos, equipamentos, tecnologias e ambientes físicos  que promovam não só a inclusão social, como também a inclusão cultural. Esse projeto foi pensado tendo como base as demandas de estudantes, professores  e técnicos da UFT, que possuem deficiências que dificultam o acesso ao acervo disponível no sistema de bibliotecas da Universidade.

A Biblioteca do Câmpus de Arraias foi uma das primeiras a receber a implantação do projeto. O SAI foi instalado no espaço da Biblioteca do Câmpus em  2019, juntamente com um conjunto de aparelhos e tecnologias assistivas. Dentre elas, o espaço recebeu equipamentos como computador desktop, teclado para baixa visão, acionadores (mouse estacionário de esfera, mouse por toque, mouse óptico), software leitor de telas, linha Braille de 40 e 80 células, lupa fixa, leitor  autônomo, e leitor digital. O espaço também recebeu scanners com OCR (equipamento que digitaliza páginas, reconhece o texto e extrai, permitindo a edição) e impressora Braille. 

Após a implantação do SAI no Câmpus de Arraias, os servidores passaram por um processo de apresentação ao novo espaço e aos equipamentos e foram capacitados para operarem as funcionalidades oferecidas pelas tecnologias. Além disso, desde de sua implementação, foram feitas adaptações de materiais de leitura para o formato Braille, o que possibilitou aos professores utilizar esses materiais em sala de aula e disponibilizar para os estudantes usarem fora da instituição. Também são oferecidas monitorias e acompanhamentos de estudantes para a digitação e leitura em Braille, além do auxílio para o uso do computador voltado para alunos com deficiência visual. Por conta da pandemia, a inauguração oficial do SAI, com atendimento presencial aos alunos, só ocorreu no dia 25 de março deste ano.

Uma das alunas beneficiadas pela implantação do SAI no Câmpus de Arraias é a estudante Nágea Rodrigues Paiva. Nágea, que é cega, está no 9° período do curso de Pedagogia, em fase de produção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Através do SAI ela tem conseguido  fazer a leitura dos textos necessários para o desenvolvimento de seu trabalho de forma mais autônoma, e também tem conseguido utilizar os recursos no celular pessoal. A estudante relata: "Anteriormente eu não utilizava o celular para outras finalidades a não ser ligação e, no SAI, aprendi a utilizá-lo para pesquisa, redes sociais, digitar trabalhos e leitura de documentos”. 

Nágea também destaca que a autonomia proporcionada pelo SAI tem feito com que seu dia a dia também se torne mais prático: “Outro exemplo em relação à autonomia proporcionada através do SAI foram as idas ao banco. Por utilizar essas ferramentas no celular, possibilitou que eu conseguisse usar o aplicativo do banco para atividades que antes eu teria que fazer presencialmente”.

Para Diego Aquino Souza, servidor responsável pelo SAI no Câmpus de Arraias e que auxilia Nágea no uso das tecnologias, considera  que é gratificante perceber que as tecnologias oferecidas pelo setor têm feito a diferença na vida do estudante: "É notório a evolução no aprendizado e na facilidade  com que, principalmente a Nágea, desenvolve as atividades que são passadas em sala de aula, atividades essas que antes requeriam ajuda de terceiros ou busca por adaptações em outras instituções”. 

Quem também se beneficia das tecnologias oferecidas pelo SAI no Câmpus da UFT em Arraias é o servidor Leandro Ferreira Costa. O servidor, que trabalha na Secretaria da Coordenação do curso de Turismo Patrimonial e Socioambiental, tem visão parcial, o que muitas vezes dificulta a leitura. Mas, através do SAI, ele conseguiu acesso ao GO Vision, equipamento que regula o contraste da tela  e possui uma função de leitura, que auxilia o servidor a desenvolver suas atividades. “Quando minhas vistas estão ardendo muito e eu não consigo focar muito na tela branca do computador, eu uso ele para fazer a leitura dos documentos para mim. É muito bom mesmo”, comenta. 

Edson de Sousa Oliveira, coordenador do Sistema de Bibliotecas da UFT e idealizador do SAI, destaca que o projeto vai muito além do cumprimento da legislação e dos indicadores de avaliação institucional: “ Nós temos técnicos que usam esses equipamentos, nós temos alunos que utilizam estes equipamentos, então os principais benefícios que nós identificamos é justamente a possibilidade de proporcionar esse acesso à informação, esse acesso ao conhecimento e também o acesso e melhoria no aproveitamento dos alunos com deficiência nas disciplinas em sala de aula. E é fantástico ver os alunos se  apropriando das tecnologias assistivas e ao mesmo tempo isso refletir no aproveitamento deles em sala de aula e no dia a dia.

       

O projeto SAI nos demais Câmpus da UFT e nos Câmpus da UFNT

A implantação do Setor de Acessibilidade Informacional é uma proposta que abrange também os demais espaços do Sistema de Bibliotecas da UFT  e as bibliotecas da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). As ações do SAI nestas bibliotecas envolvem tanto a construção de novos espaços, que facilitem a mobilidade de estudantes com deficiência, como também  a disponibilização de kits de equipamentos e tecnologias assistivas nas bibliotecas.

O coordenador explica que os espaços do SAI são totalmente planejados, de forma a dispor da melhor forma possível as tecnologias assistivas e facilitar o acesso dos usuários: “Nós temos balcões muito bem planejados, dentro da altura acessível segundo a NBR 9050, temos o mobiliário que é planejado, ele é todo arredondado para evitar impactos na perspectiva do acesso, temos uma sala para um atendimento mais reservado, uma orientação mais especializada, espaço para guardar o acervo, receber as pessoas espaço só para o uso das tecnologias assistivas ”.  

A ideia é que estes espaços, equipamentos e tecnologias consigam suprir as demandas dos usuários com deficiências visual, auditiva, paralisia cerebral, dislexia, entre outras deficiências que tornam mais complexo o acesso às bibliotecas dos câmpus para este grupo. Paralelamente a isso, a implantação do SAI nas bibliotecas da UFT e UFNT têm como propósito disponibilizar acervo especializado (Braille, digital acessível e falado), material didático e pedagógico adaptados, computadores com softwares e outras aplicações de leitura para pessoas com baixa visão, impressão em Braille, além de viabilizar o empréstimo das tecnologias assistivas para que os estudantes consigam usá-las também no cotidiano. 

No Câmpus da UFT em Palmas, por exemplo, está sendo finalizada a obra de fechamento do antigo hall da Biblioteca para a implantação do SAI. Edson explica que o projeto de implantação do SAI no Câmpus de Palmas já vem sendo discutido desde 2016 e visa a criação de um espaço que atenda com qualidade a comunidade acadêmica. “Nesse 'fechamento' do hall da Biblioteca, nós vamos ter um espaço de acessibilidade, um Setor de Acessibilidade Informacional de aproximadamente 82 m². Vamos ter computadores, mesas adequadas, atendimentos a essa comunidade do Câmpus de Palmas”.

Oliveira destaca ainda que, o plano é que todos os câmpus da UFT consigam implementar e proporcionar o funcionamento pleno do Setor de Acessibilidade Informacional, além de estender esse atendimento à comunidade externa: “Nós esperamos que em um espaço de tempo muito em breve, nós consigamos dar esse suporte informacional para eles e, ao mesmo tempo, a própria função social das bibliotecas estará se consolidando com esse atendimento ao usuário, independente da sua necessidade especial”.       



 

 

  

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