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Literatura em debate

Com obra de Machado de Assis, Círculo de Leituras tem sessão de abertura neste sábado

Por Paulo Aires | Publicado: Quinta, 23 de Março de 2017, 18h09 | Última atualização em Sexta, 24 de Março de 2017, 10h44

Promovido pelo Colegiado de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o projeto “Círculo de Leituras” terá sessão de abertura neste sábado (25), a partir das 16h, na sala 105, Bloco J, Câmpus de Palmas/UFT.

Coordenado pelo professor Fábio Duarte, segundo o qual a proposta do projeto “tem por objetivo trocar experiências e promover reflexões sobre autores e obras fundamentais que nos auxilie a experenciar o mundo e compreender a cultura na qual estamos inseridos.”

O projeto é aberto a toda comunidade universitária e extra-universitária, não sendo obrigatória a inscrição prévia, mas tão somente a participação nos encontros mensais.

Sobre a dinâmica do projeto, Duarte destaca: “Pensamos que a importância do evento se dá pela reunião de pessoas de variadas formações e experiências de leituras a fim de favorecer uma visão crítica da realidade e da cultura nas quais, de algum modo, estamos inseridos, reforçando tudo isso sem descurar do prazer da leitura como algo fundamental da condição humana.”

O coordenador salienta que o cronograma inicial propõe, além de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; discussões sobre obras como "Grandes Sertões: Veredas", de Guimarães Rosa; e autores como Kafka e Maquiavel.

Dia 25: Memórias Póstumas de Brás Cubas
A evento de abertura conta com a apresentação do professor de Filosofia, Paulo Soares, sobre o livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.

Obra publicada em 1881, Memórias póstumas de Brás Cubas, de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), é um marco na literatura brasileira. Soares considera ser este um livro de rara beleza e de profundidade inigualável em termos de autorreflexão sobre a escravidão. E que as convicções machadianas sobre o processo civilizatório perpassam a obra, deixando à mostra um dos capítulos mais tristes da história da humanidade.

Argumenta o professor: “Conforme o próprio Machado de Assis, “há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero [...]” que qualquer possível leitor pode sentir pelas “rabugens de pessimismo” e que, suspeitamos, seja do próprio autor em relação às ilusões do humanismo.”

A sagacidade de Machado de Assis

O palestrante amplia suas considerações sobre o livro e cita que o personagem Brás Cubas representa um desses burgueses liberais caridosos e bondosos que não enxergavam mais os pretos como escravos, mas como criados, no sentido de serviçais livres, num período em que a imigração de europeus para Brasil já era vista como saída para suprir a força de trabalho assalariada, mesmo antes do fim da escravidão.

Soares sublinha a sagacidade de Machado de Assis, aflorada na autorreflexão sobre o tema, assim afirmando: “cabendo a si próprio a maior parte do sofrimento por ser preto, a despeito de literato reconhecido e respeitado, por viver numa sociedade escravocrata. O sentimento amargo e áspero diante dessa realidade e as rabugens de pessimismo o levam a colocar as seguintes palavras na boca da personagem Brás Cubas, na última frase do livro: “não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”, conclui.

Vale ressaltar que o “Círculo de Leituras” é um espaço de discussão e partilha de impressões sobre autores e obras; um bate-papo acerca da beleza estética e das indagações que compõem os sonhos e os dramas da condição humana; um círculo em que a literatura consagrada, o pensamento crítico e a troca de ideias são a pauta de cada encontro – encontro aberto a quem interessar.

 

 

 

 

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