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Reconhecimento internacional

Aluno da UFT tem tese selecionada para ser apresentada em Harvard

Por Glenda Barros | Revisão: Paulo Aires | Supervisão: Gihane Scaravonatti | Publicado: Quarta, 13 de Abril de 2022, 17h33 | Última atualização em Sábado, 23 de Abril de 2022, 15h05

Nos dias 13 e 14 de maio, o sociólogo haitiano Jhon-Kelly Monacé, que recentemente concluiu o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins, apresentará sua tese no Afro-Latin American Research Institute at Hutchins Center da Universidade Harvard.

Selecionada na quinta edição do Mark Claster Mamolen Workshop Dissertation, a tese ''Dyaspora haitianos no Brasil, Voye Kòb e famílias no Haiti: vínculos sociais, múltiplas estratégias de reprodução e dyasporização'', trata da migração haitiana no Brasil, especificamente na região metropolitana de Belo Horizonte, e dos significados sociais das remessas de dinheiro enviadas pelos imigrantes ao seu país de origem.

De acordo com Monacé, o tema de sua tese foi escolhido para analisar o assunto sob nova perspectiva. ''Nos estudos anteriores, os pesquisadores se interessaram apenas no valor monetário das remessas, enquanto os dados da minha pesquisa mostram que as remessas têm significados sociais'', comenta.

Quanto ao seu processo de coleta de dados e estudo, o sociólogo formado na Universidade do Estado do Haiti explica que para realizar sua pesquisa teve que se mudar para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, em 2019. Essa mudança se deve ao fato de existir uma forte comunidade haitiana na cidade: ''Realizei um trabalho de campo de mais de dois anos de imersão nessa comunidade e consegui resultados originais que também me permitiram produzir uma tese original, rica de inovação e descobertas''.

Jhon-Kelly afirma que é uma honra representar a Universidade Federal do Tocantins no evento. ''Com minha presença, um pesquisador da UFT vai compor mesa com outros pesquisadores das melhores universidades do mundo. Então, fazer parte dos melhores pesquisadores sobre os estudos afro-latino-americanos é uma grande conquista para mim e para a UFT também'', finaliza.

 

Resumo

O trabalho é uma pesquisa historicizante/historicizada e objetivante/objetivada que busca compreender, de uma maneira diferente das outras pesquisas, por que os imigrantes haitianos (dyaspora) que vivem no Brasil enviam dinheiro (voye kòb) para suas famílias e amigos que vivem no Haiti. Eu uso as noções e teorias da sociologia econômica bourdieusiana e as da sociologia da migração para conduzir uma investigação sociológica sobre os dyaspora da comunidade haitiana na Região metropolitana de Belo Horizonte do Estado de Minas Gerais, Brasil. Nesta pesquisa, eu uso um questionário-entrevista, objetivação participante e entrevista em profundidade. Os resultados mostram que a emigração haitiana e a realidade de voye kòb não são desenraizadas e des-historicizadas da sociedade; não são naturais. Não dependem dos aspectos econômicos que, ao contrário, tendem a des-historicizá-las. Ao contrário, são construções sociais que podem ser historicizadas ou re-historicizadas. São o resultado das estratégias de reprodução social e reconversão, pensadas e realizadas pelas famílias haitianas como formas de inserção social e econômica não apenas no Haiti como espaço social de origem, mas também no Brasil como espaço social de destino. Os resultados da pesquisa me permitem redefinir a noção dyaspora do ponto de vista êmico a partir do estudo dos vínculos entre os imigrantes haitianos e o país de origem. Dyaspora é uma noção que reflete uma realidade; é uma construção social que serve de status social prestigioso para os haitianos que residem aletranje, independentemente do país de residência. Os dados mostram que o dinheiro enviado pelos dyaspora às suas famílias tem um significado utilitário. Esta é uma grande descoberta da pesquisa. Entretanto, o mais importante dos resultados da pesquisa é que os dados mostram que pelo fato de voye kòb, os dyaspora se dyasporizam ainda mais e consequentemente, são positivamente sancionados em prestígio, capital simbólico, reconhecimento. Os dyaspora que não voye kòb sem justificar os motivos são negativamente sancionados por dyaspora bouda chire, engra e manfouben; se desclassificam no Espaço social transnacional haitiano e são desdyasporizados especialmente pelos agentes do Espaço social de origem. Por fim, os resultados me permitem dizer que os dyaspora voye kòb para que possam manter o status prestigioso de dyaspora que também os ajuda a existir socialmente no Haiti.


Confira a íntegra da tese de Jhon-Kelly Monacé em: Dyaspora haitianos no Brasil, Voye Kòb e famílias no Haiti: vínculos sociais, múltiplas estratégias de reprodução e dyasporização.

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