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DATA COMEMORATIVA

Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Por Samuel Lima | Publicado: Quinta, 11 de Fevereiro de 2021, 08h00 | Última atualização em Sexta, 12 de Fevereiro de 2021, 08h10

Neste 11 de fevereiro, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Instituído pela Assembleia das Nações Unidas em 2015 e sob a liderança da Unesco e da ONU Mulheres, a data lembra a participação feminina na pesquisa e na educação. O evento ocorre em diversos países, com atividades que visam dar visibilidade ao papel e às contribuições fundamentais das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica.

De acordo com o Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referente a 2019, o número de pessoas que concluem o ensino superior é maior entre mulheres que entre homens. De acordo com o Censo, nas soma de todas as esferas do ensino superior (pública (federal, estadual e municipal) e na privada), houve mais concluintes do sexo feminino (551.521) que do sexo masculino (382.516).

Realidade local

Na UFT o número de docentes é quase igual quando o assunto é gênero. Segundo a Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Progedep), há 526 docentes do sexo feminino e 563 do sexo masculino (dados de fevereiro de 2021).

De acordo com a V Pesquisa do Perfil Socioeconômico das Instituições Federais de Ensino, promovida e divulgada ainda em 2018 pela Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino (Andifes), o percentual da participação feminina no ensino superior saltou de 51,4% em 1996 para 54,6% naquele ano, o último de realização do levantamento. Na UFT o índice segue esta tendência, com maioria feminina no cômputo geral de discentes da instituição (8.151 estudantes do sexo feminino e 6.310 do sexo masculino, segundo a Prograd).

Ainda segundo o relatório (nas páginas 44-45), "estudantes do sexo masculino são sobrerepresentados nas Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, enquanto estudantes do sexo feminino predominam nas Ciências da Saúde, Ciências Biológicas, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística e Letras. Isso aponta para uma maior proporção do sexo feminino em carreiras associadas ao cuidado – o que reproduz a divisão sexual do trabalho", diz o texto do Relatório.

Entretanto, quando o assunto é produção científica, não existe a mesma paridade quantitativa entre os gêneros. A professora Karylleila Andrade, diretora de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Propesq) discorreu sobre o assunto em entrevista concedida à Redação do Portal da UFT.

Confira, abaixo:

 

Entrevista

Redação do Portal UFT - Qual é, em sua opinião, o maior desafio para aumentar a presença feminina na ciência?
Karylleila Andrade - Superar a nossa invisibilidade, a invisibilidade das mulheres. É um desafio diário para todas nós, em todas as áreas. Na ciência não é diferente, porque a carreira depende de reconhecimento por nossas contribuições intelectuais em determinados campos da ciência. Eu diria que algumas áreas são mais difíceis à inserção e visibilidade da mulher.

Redação do Portal UFT - Como superar as diferenças para atingir um tratamento igualitário em relação à visibilidade na ciência?
Karylleila Andrade - Isso passa um pouco pela nossa história de patriarcado, como também pela construção do conceito de  nação brasileira. E isso não é diferente dentro da própria ciência. Se olhamos, por exemplo, para as ciências da vida e da saúde e das humanidades, a presença da mulher, a visibilidade da mulher, é muito mais forte, ela é muito mais intensa. Já a área da Ciência da Computação e Matemática elas representam uma minoria; elas estão procurando se inserirem nesses espaços, porque tradicionalmente é uma área mais masculina, do que de presença de mulheres..

Redação do Portal UFT - Qual o papel docente nos ensinos Fundamental e Médio para que mais mulheres se interessem pela ciência?
Karylleila Andrade - É preciso um investimento na socialização do conhecimento, inserir esse estudante na pesquisa e falar que o campo é aberto para todos, independentemente do gênero, que todos podem ter acesso à pesquisa e ao conhecimento. Não se deve associar para as crianças e adolescentes que existem profissões mais masculinas ou mais femininas. Creio que isso passa pela educação. É você olhar para a universidade e pensar que pode chegar naquele lugar, fazer aquele curso, naquela área, no que desejar ser, e não escolher o curso porque é predominantemente masculino ou feminino.

Redação do Portal UFT - A UFT tem uma certa equiparação de gênero no número de docentes (segundo a Progedep - no último relatório de 2020 - há 526 docentes do sexo feminino para 563 docentes do sexo masculino), mas isso não é refletido na alta produtividade em pesquisa. Onde está o ponto diferencial?
Karylleila Andrade - Hoje todas as universidades públicas que atuam no fomento à pesquisa não fazem distinção de públicos de mulheres ou de homens, mas das áreas do conhecimento definidas pelo CNPq. Por exemplo, se a gente olha para os bolsistas produtividade da UFT, hoje temos um percentual muito baixo de mulheres que conseguiram. Isso é uma construção cultural e social que aos poucos temos de ir quebrando. Para isso, o papel da mulher é fundamental. É investir, é fazer pesquisa, é mostrar-se pesquisadora, como detentora do conhecimento, que socializa, que muda o seu entorno e realidade.

Redação do Portal UFT - A mudança poderia ocorrer, portanto, pela união de esforços de várias instâncias - sociais, políticas e educacionais?
Karylleila Andrade - Eu acredito que com a expansão da mulher no mercado de trabalho e seu acesso à educação muitas conquistas e portas foram se abrindo, muitas barreiras foram rompidas, embora a mulher ainda tenha pouca visibilidade para a ciência, elas estão em grande número e contribuem massivamente na produção de saberes. Ainda restam obviamente, muitos desafios a serem enfrentados e muito a se alcançar, mas é preciso eliminar as dificuldades e diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. É fundamental que a sociedade reconheça que a mulher é capaz de ocupar espaços que hoje os homens ocupam.

 

Live do CNPq

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) realiza, nesta quinta-feira (11), às 16h, live em comemoração ao Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data é uma iniciativa da Unesco e da ONU Mulheres, com a colaboração de instituições e parceiros da sociedade civil, para destacar a importância do acesso e participação igualitária das mulheres e meninas nas ciências e tecnologias.

O propósito do evento é marcar a data com as reflexões da Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Dr.ª Adriana Maria Tonini; da Professora e pesquisadora na área de física da UFRGS, Dr.ª Marcia Cristina Bernardes Barbosa; da Professora da UFG e coordenadora do Projeto "Conversas de Meninas e Engenheiras: semeando oportunidades para a igualdade de gênero nas ciências" contemplado pela Chamada 31/2018 do CNPq/MCTI, Dr.ª Karla Emmanuela Ribeiro Hora; e da pesquisadora sobre educação, ciência, gênero e raça, Dr.ª Sandra Gouretti Unbehaum.

A Chamada CNPq/MCTIC Nº 31/2018 - Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação foi lançada pelo CNPq em agosto de 2018 com o objetivo de apoiar iniciativas que incentivem a inserção de meninas nas ciências. Foram contemplados 118 projetos em todo o país, envolvendo alunas de escolas públicas de ensino médio e instituições de pesquisa. (Fonte: Site do CNPq)

SERVIÇO

Live Meninas e Mulheres na Ciência
Data: 11/02/2021 (quinta-feira)
Horário: 16h
Onde: Canal do CNPq no Youtube

Saiba mais
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