Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > Brinquedoteca de Arraias valoriza a autoestima das crianças através da cultura negra
Início do conteúdo da página
infância

Brinquedoteca de Arraias valoriza a autoestima das crianças através da cultura negra

Por Daniel dos Santos | Revisão: Paulo Aires | Publicado: Quarta, 19 de Agosto de 2020, 17h52 | Última atualização em Quinta, 20 de Agosto de 2020, 17h38

“Tudo nela foi pensado para a construção da autoestima das crianças e da juventude negra do sudeste do Tocantins”, assim é definida a primeira brinquedoteca afro-brasileira no país, localizada no Câmpus de Arraias, segundo sua mentora, Aparecida de Matos. “Quando cheguei, as crianças tinham uma autoestima péssima. Elas odiavam ser negras”.

Origem

A brinquedoteca teve início em 2008, passando por diversas etapas até ter sua própria sala inaugurada em 2012, com livros de pano. A professora conta o que a motivou: “Quando tomei posse na UFT em 2008, visitei a Biblioteca Municipal e seis escolas de Arraias, e vi que não tinha literatura negra e nem nada que as crianças negras pudessem se ver para construir a autoestima. Senti que precisava construir um método ou uma didática na qual os alunos pudessem começar a pensar nisso.”

Então, Aparecida começou a aplicar o que desenvolveu no doutorado, cujo título da tese é  “Educação literária afro-brasileira para a formação de uma consciência negra no ensino fundamental”. Toda a pesquisa de Aparecida é sobre a cultura negra desde a graduação, passando pelo mestrado e doutorado.

“Eu trouxe essa ideia para as aulas práticas que ministrava: a turma de Letramento construiu jogos na metodologia de sociointeracionismo, com jogos para alfabetização e livro infantil de tecido ou cartolina. A turma de Fundamentos e Métodos da Linguagem construiu brinquedos a partir de sucatas. E a turma de Literatura infanto-juvenil desenvolveu o teatro de fantoches apresentados nas escolas”.

A brinquedoteca é composta por brinquedos doados, bonecas negras e livros de pano. O espaço atende tanto crianças, quanto professores e estagiários de escolas públicas e privadas da região. “Recebemos alunos para contação de histórias, mas também temos a brinquedoteca itinerante, atividade na qual as comunidades quilombolas são visitadas para um dia de leitura e lazer com leitura, teatro, construção de brinquedos e oficinas de arte-educação”.

Os brinquedos foram construídos por jovens, mulheres e homens dos vários cursos do Câmpus de Arraias, durante as oficinas que foram ministradas ao longo dos semestres. E todos os brinquedos trazem memórias afro-brasileira, afro-arraiana e Africanas.

Entre outros serviços oferecidos pela brinquedoteca estão: curso para professores que querem construir na escola e empréstimos de livros para alunos que vão estagiar nas escolas da região.

Futuro da brinquedoteca

Desde então, a brinquedoteca recebeu visitas de alunos de Arraias, Campos Belos (GO), Combinado, Taguatinga, Paranã. A professora continua de olho no futuro da brinquedoteca, e hoje uma de suas prioridades para aperfeiçoamento da estrutura, quando esse período de enfrentamento à pandemia for superado, é a instalação de banheiros e lavatório.

Todas as vezes em que viaja para países africanos para ministrar cursos de arte-educação, a professora traz consigo brinquedos do outro continente. “Isso faz com que a gente tenha um espaço no qual as crianças vão construir sua autoestima e saber que ela também é bela, ao encontrar brinquedos que remetem a ela ou a sua mãe e avó, por exemplo”.

Quem tiver interesse, pode fazer conhecer o trabalho da brinquedoteca na página do Facebook.

registrado em:
Fim do conteúdo da página