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Agrotins 2019

Pesquisadores da UFT destacam potencial do TO para criação de abelhas

Por Gihane Scaravonatti | Publicado: Segunda, 06 de Mai de 2019, 17h06 | Última atualização em Quarta, 08 de Mai de 2019, 12h08

O mel é o néctar dos deuses: assim já intitulavam, desde a Antiguidade, gregos e romanos. Entre os “cochichos” mitológicos, uma das lendas diz que Melissa era o nome da ninfa que alimentou, com o néctar das plantas, Zeus quando bebê. Quando Melissa morreu, o “pai dos deuses”, agradecido, teria transformado a ninfa em abelha-rainha – e a abelha, assim, seria o símbolo da alma.

Entre nós, “pobres mortais”, há muito se descobriu a importância das abelhas, com seu papel polinizador, para os ecossistemas; o sabor do mel e as diversas propriedades terapêuticas do produto. O uso do mel, pelo homem, remonta há cerca de oito mil anos, conforme vestígios encontrados em pinturas desde a Pré-história.

Na Universidade Federal do Tocantins (UFT), dois grupos de pesquisa – o Grupo de Estudos de Apicultura no Tocantins (Geato), no Câmpus de Araguaína; e o BeeTech, no de Palmas - têm se destacado pelas pesquisas desenvolvidas sobre as abelhas e a produção de mel. Os resultados sinalizam o potencial tocantinense tanto para a expansão da apicultura, a criação de abelhas com ferrão, quanto da meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão. Ambos os grupos estarão presentes na Agrotins 2019. O primeiro deles, nos dias 09 e 10 de maio, apresentando a vida das abelhas melíferas; o segundo, em 09 de maio, mostrando a biodiversidade da apifauna do Estado do Tocantins.

Mel: o “elixir” da vida

Rico em propriedades nutritivas e medicinais, o mel, por conta da composição por antioxidantes, pode retardar o envelhecimento de nossas células e reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e antivirais também nos ajudam a fortalecer o sistema imunológico.

Ainda segundo pesquisas, o mel auxiliaria nos tratamentos da asma, diabetes, gastrite e úlcera, além de proteger o fígado (fator hepatoprotetor), fortalecer a memória, melhorar a fertilidade masculina e feminina, o funcionamento intestinal e - fonte importante de glicose que é - fornecer energia para nossos músculos, sendo um aliado na prática de atividades físicas.

Com tantas qualidades e benefícios, há de se valorizar o trabalho árduo e disciplinado das “pequenas gigantes” abelhas que, a partir do néctar coletado de milhares de flores, geram um produto de composição química bastante complexa, variando, entre outros fatores, conforme as estações e as floradas.

As pesquisas na UFT 

Na UFT, dois professores-pesquisadores têm liderado trabalhos em torno das abelhas, os mais famosos e eficientes seres quando se fala em polinização. Ao menos 70% das culturas agrícolas do mundo, por exemplo, são polinizadas por elas.

No Câmpus de Araguaína, o Geato, coordenado pelo professor Rômulo Augusto Guedes Rizzardo, pesquisa, em especial, abelhas com ferrão. Já no Câmpus de Palmas, estudando principalmente as abelhas sem ferrão, está o grupo de pesquisa BeeTech, vinculado ao Laboratório de Biotecnologia (Labiotec) e coordenado pelo professor Waldesse Piragé de Oliveira Junior.

As abelhas com ferrão

O Geato vem desenvolvendo, desde 2013, trabalhos de extensão e didáticos acerca da Apis mellifera, a espécie mais conhecida entre as abelhas com ferrão. Originada no Velho Mundo, a espécie vem sendo criada para a produção, em grande escala, de mel, própolis, cera e geleia real.

De acordo com o professor Rizzardo, a média nacional da produção de mel, a partir da criação de abelhas com ferrão, é de cerca de 20 kg ao ano por colmeia e, embora o Tocantins ainda "engatinhe" na produção frente a outros Estados (das 40 mil toneladas totalizadas ao ano no Brasil, menos de 100 são de apicultores tocantinenses), o potencial para a expansão e profissionalização da atividade é promissor. "Estamos certamente em localização geográfica privilegiada, com clima e flora bastante favoráveis à apicultura", assegura o professor. 

Para ele, o pasto apícola importante de uma área grande de Cerrado - qual a do Tocantins - poderia, com o uso racional, ser melhor explorado. "Vejo na apicultura uma alternativa muito boa para se trabalhar, por exemplo, nas reservas das propriedades. A criação de abelhas melíferas nessas áreas, ou no entorno da área agricultável e daquela utilizada para a produção animal convencional, pode, com o manejo adequado, ser um complemento à produção rural".

As abelhas sem ferrão

O BeeTech encontra-se em processo recente de localização e identificação das abelhas sem ferrão presentes nos biomas do Tocantins e já alcança respostas satisfatórias. Indo a campo desde 2018, os integrantes do grupo vêm mapeando as espécies de abelhas sem ferrão em regiões abrangidas pelo Centro de Pesquisa Canguçu, o Parque Estadual do Cantão, o Parque Estadual do Lajeado, entre outras. Os resultados são animadores, dando-nos um recorte da ampla diversidade que poderá ser identificada no Cerrado tocantinense. “Estamos, com o auxílio da Universidade Federal da Bahia (UFBA), montando uma coleção entomológica das abelhas sem ferrão presentes no Tocantins. Somente no Canguçu, já temos, cientificamente identificadas, cerca de 40 espécies delas”, destaca o professor Oliveira Junior. 

A identificação das espécies - ainda segundo o professor - poderá contribuir com a profissionalização da meliponicultura no Estado do Tocantins, uma vez que "órgãos ambientais, a exemplo do Ibama, necessitam desse tipo de informação para certificar os meliponicultores e mesmo para, se preciso, autuar pessoas que criem no Estado, de forma irregular, abelhas - que são tidas por animais silvestres - não existentes na fauna do Tocantins".

Os estudos do BeeTech, portanto, poderão subsidiar, em solo tocantinense, tanto a legislação quanto a fiscalização da meliponicultura, garantindo, entre outros benefícios, a segurança ao meliponicultor e também ao consumidor dos produtos da cultura das abelhas sem ferrão. 

 

 

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