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Vida Acadêmica

Curso de Teatro terá sua primeira monografia defendida em aldeia indígena

Publicado: Sexta, 09 de Junho de 2017, 08h00 | Última atualização em Sexta, 09 de Junho de 2017, 14h16

O trabalho possui temática voltada à Escola Wakômekwa e será apresentado em português e akwén

Edimar Xerente ao lado da professora Karylleila, muito orgulhosa de seu orientando (Foto: Samuel Lima/Dicom)Edimar Xerente ao lado da professora Karylleila, muito orgulhosa de seu orientando (Foto: Samuel Lima/Dicom)Na manhã deste sábado (10), o estudante Edimar Srênõkrã Calixto Xerente, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), irá apresentar, na sua aldeia de origem, a primeira monografia de temática indígena do curso de Teatro. A defesa será na aldeia Riozinho Kakumhu, no município de Tocantínia, a partir das 9h; toda a banca examinadora irá se deslocar para lá.

Partiu do próprio estudante a iniciativa de defender sua monografia na aldeia, já que o trabalho se trata da escola Wakômekwa, na qual Edimar estudou até o 5º ano e parte do ensino médio. O título do trabalho é a “Educação Intercultural na Escola Wakômekwa: Perspectivas e Desafios”. O estudante fala um pouco sobre sua monografia e ressalta o apoio que teve por parte de sua orientadora, a professora Karylleila Andrade.

“No começo deste trabalho tive muitas dificuldades, mas fui superando ao longo do tempo com a ajuda de minha orientadora. Eu sempre quis fazer algo pela escola que eu estudei, além de representar minha comunidade, e mostrar como acontece a defesa de uma monografia. No trabalho, eu abordo como a escola está estruturada, o que ainda tem para melhorar, como o poder público, a Secretaria da Educação (Seduc) e outros órgãos, estão acompanhando essa escola, além, claro, de contar um pouco da história do povo Xerente”, declara.

"Enquanto orientadora, fiquei muito emocionada por ver a forma como meu aluno se revelava enquanto língua e cultura nesse trabalho"

A professora Karylleila conta um pouco sobre o caminho percorrido para o desenvolvimento desta monografia e revela que partes do texto estão em akwén, a língua indígena do estudante, e sua a apresentação também será bilíngue. “O trabalho está belíssimo, o Edimar trabalhou muito, reescreveu várias vezes. Ele, inclusive, escreveu várias partes do texto em akwén, além do português. Por exemplo, título, subtítulo, resumo, epígrafe, são partes do trabalho que estão em português e akwén; além disso, a apresentação também será bilíngue. Eu, enquanto orientadora, fiquei muito emocionada por ver a forma como meu aluno se revelava enquanto língua e cultura nesse trabalho. Nem consigo descrever o orgulho que sinto de ter orientado sua monografia”, declara a professora, bastante empolgada.

O trabalho de Edimar é um grande passo no sentido de estabelecer diálogos, e principalmente, incentivar professores e alunos de Riozinho Kakumhu. A professora explica: “esta monografia é o retorno da Universidade para a aldeia, esse é o diálogo que nós estamos buscando cada vez mais. A Escola Wakômekwa atende alunos do ensino fundamental e do Programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA), lá até há alguns professores com licenciatura intercultural, mas nem todos. Isso será um incentivo para eles e para os jovens da aldeia. A intenção é mostrar que alguém conseguiu entrar na Universidade, e agora retorna com uma contribuição muito importante para o seu povo”.

Primeiros passos na UFT

Durante a conversa, o estudante relembrou seus primeiros momentos na Universidade, ao entrar no curso de Teatro. “Foi muito difícil o processo de adaptação, tive inúmeras dificuldades por ser uma pessoa tímida, e, além disso, por causa do choque de culturas eu tinha muitos receios de me comunicar com as pessoas na UFT. Ao longo do tempo, e com a ajuda de professores, eu fui mudando meu olhar sob este novo universo cultural”, relembra.

“Realmente ele era muito tímido, mas eu vi o Edimar crescer aqui dentro, e não apenas do ponto de vista social e cultural, mas também do ponto de vista político, enquanto indígena e representação de uma cultura dentro da UFT”, ressalta Karylleila.

Edimar lembra com felicidade da evolução de sua representação indígena ao longo do curso (Foto: Samuel Lima/Dicom)Edimar lembra com felicidade da evolução de sua representação indígena ao longo do curso (Foto: Samuel Lima/Dicom)

A defesa de sua monografia começa às 9h, na Escola Wakômekwa. Os professores que irão compor a banca examinadora serão: a professora Roseli Bodnar, do colegiado de Teatro; a professora Raquel Castilho, do curso de Filosofia; e a professora orientadora, Karylleila Andrade.

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