Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > Destruição do sistema biogeográfico do cerrado pode afetar todo o país, diz palestrante
Início do conteúdo da página
ENCONTRO DAS ÁGUAS

Destruição do sistema biogeográfico do cerrado pode afetar todo o país, diz palestrante

Por Samuel Lima | Publicado: Segunda, 27 de Novembro de 2017, 12h48 | Última atualização em Terça, 28 de Novembro de 2017, 15h32

"No futuro nós não teremos alvorecer". A frase de alerta é do professor Altair Sales Barbosa no encerramento de sua palestra no Centro Universitário Integrado de Ciência , Cultura e Arte (Cuica), no Câmpus da UFT em Palmas, durante a primeira parte do Encontro das Águas. O professor alerta que se não houver mudança no modelo de desenvolvimento agropecuário atual, que avança sobre o cerrado (considerado fronteira da expansão agrícola), a morte de rios e nascentes nesta região será acelerada e gerando efeitos em todos os outros sistemas biogeográficos do país. Os produtores, por sua vez, cobraram posicionamento e investimento dos governos em ações de promoção do desenvolvimento sustentável.

O evento, promovido pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), responde à uma demanda da sociedade em prol do debate sobre a crise hídrica por que passa o Estado do Tocantins. É o que destacou o pró-reitor, Raphael Sanzio Pimenta. "O setor produtivo e a comunidade em geral, percebendo as dificuldades com a escassez das águas procuraram a universidade em busca de soluções. Este evento promove uma forma mais organizada para discussão dessas soluções. A universidade está cumprindo seu papel social de fazer os estudos e propor medidas para minimizar os problemas", enfatizou.

Mesa de abertura do evento, com Mourão, Luzimeire, Bovolato, Magalhães e Pimenta (e p/ d) - Foto: Samuel Lima/DicomMesa de abertura do evento, com Mourão, Luzimeire, Bovolato, Magalhães e Pimenta (e p/ d) - Foto: Samuel Lima/Dicom

O reitor da UFT, Luís Eduardo Bovolato, salientou a importância da discussão da temática em ambiente acadêmico. "O uso da água estabelece uma série de conflitos dos diversos atores envolvidos. O evento é muito atual e reuniu os interesses tanto econômicos e jurídicos quanto políticos e da própria sociedade, num esforço conjugado em torno de uma busca de solução para este problema com auxílio da academia", pontuou . Ainda segundo o reitor, faz parte do papel da universidade a promoção do diálogo entre os diversos setores da sociedade e, por meio dos estudos acadêmicos, propor soluções para as demandas apresentadas.

Além de Bovolato e Pimenta, a mesa de abertura do evento contou com a presença da secretária de estado Luzimeire Ribeiro de Moura Carreira, titular da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos; o juiz Wellington Magalhães, da comarca de Cristalândia; e o deputado estadual Paulo Mourão.

Palestras
Altair Barbosa durante palestra sobre a importância do cerrado para as reservas hídricas (Foto: Samuel Lima/Dicom)Altair Barbosa durante palestra sobre a importância do cerrado para as reservas hídricas (Foto: Samuel Lima/Dicom)Durante a palestra, o professor Barbosa fez uma breve explanação sobre a história evolutiva dos solos e das águas no planeta, culminando com a importância do cerrado para os outros sistemas biogeográficos existentes no país. A nomenclatura 'sistema biogeográfico', segundo ele, é a mais apropriada para designar o que até agora acostumaram a chamar de bioma. Segundo ele, o sistema é mais complexo e não engloba apenas os seres viventes (fauna e flora), mas também a parte geológica do planeta.

Ele ensinou à plateia, composta por professores, estudantes e público das mais diferentes esferas de atuação, que a vegetação do cerrado deve ser preservada porque ela é importante para a alimentação dos aquíferos no país. A retirada da vegetação nativa do sistema biogeográfico do cerrado impermeabiliza o solo, impedindo a alimentação das reservas subterrâneas que, por sua vez, alimentam poços e mananciais diversos. Barbosa aponta que os aquíferos existentes no país estão todos interligados e quando um é afetado os outros também são.

"O cerrado nunca foi entendido em sua globalidade. Abrir um espaço como este, na universidade, para discutir o cerrado permite que todos entendam a importância da ecologia do cerrado e busquem preservar o sistema para nosso próprio futuro. Se nós esgotarmos nosso recursos naturais sem conhecimento de causa ou usando discursos falaciosos de que é possível reconstruir o cerrado, futuramente não teremos um alvorecer", disse Barbosa, fazendo alusão ao modelo exploratório/predatório atual, e que avança sobre o cerrado.

Milihomem, representante dos produtores rurais, cobrou investimentos em ações por parte dos entes governamentais (Foto: Samuel Lima/Dicom)Milihomem, representante dos produtores rurais, cobrou investimentos em ações por parte dos entes governamentais (Foto: Samuel Lima/Dicom)O representante da Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproeste), Wagno Milhomem, em palestra seguinte à de Barbosa, cobrou das entidades governamentais o investimento em projetos de desenvolvimento sustentável (que já existiriam, segundo ele). Ele sustentou que o trabalho dos produtores rurais é importante porque supre a demanda não apenas local, mas mundial, por alimentação. Milhomem enfatizou que os produtores também querem que seu trabalho ocorra de forma a não degradar o meio ambiente. Após a palestra de Milhomem foi organizada uma mesa-redonda para interação com o público presente, formada pelo deputado Mourão, o juiz Magalhães, o professor Barbosa e o representante da Aproeste, Milhomem.

Mesa-redonda ao final da manhã com Magalhães, Mourão, Barbosa e Milhomem (e p/ d) - Foto: Samuel Lima/DicomMesa-redonda ao final da manhã com Magalhães, Mourão, Barbosa e Milhomem (e p/ d) - Foto: Samuel Lima/Dicom

Fim do conteúdo da página